Filme de 2010, dirigido pelo diretor norte americano Tim Burton (ganhador de dois Oscar de Melhor Direção de Arte por Sweeney Todd em 2008 e A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça em 2000), trata-se de uma releitura em grande estilo do clássico de Lewis Carrol, a saga de Alice num país imaginário onde cenários e sensações são imaginadas e reimaginadas. As obras de Burton trazem um tom pesado de imaginário e várias bizarrices. São algumas de suas produções os fantásticos: Edward scissorhands (Edward mãos de tesoura, 1990); The nightmare before Christmas (O estranho mundo de Jack, 1993); Charlie and the chocolate factory (A fantástica fábrica de chocolate, 2005); Corpse bride (A noiva cadáver, 2005); e Alice im wunderland, 2005. Tim é deveras excêntrico e tem grande afinidade com o ator Johnny Depp, com quem trabalhou 5 anos antes na releitura da Fantástica Fábrica de Chocolate.
A história mágica da criança que se perde num mundo imaginativo é mundialmente conhecida e guarda em si várias metáforas. Os personagens místicos são bem conhecidos e incluem gatos que flutuam, sorriem e desaparecem, lagartas falantes, coelhos vestidos a caráter, cartas de baralho sendo guardas reais, dodô (ave extinta), rainha e rei de copas, etc, etc...
Com um tom bastante psicodélico, abusando de cores vivas e distintas, de forma a chocar visualmente e produzir um misto de sensações, o filme mostra bem as alterações de sensopercepção que o livro induz. O filme desagradou a uma parte do público por não se tratar do próprio "Alice in the wunderland", mas sim da continuação deste, o chamado "Through the looking-glass/and what Alice found there", cujo título em português é "Através do espelho". Na continuação do romance, Alice é uma adolescente que tem sonhos recorrentes com a sua ida ao País das Maravilhas quando criança e acaba para lá retornando. Por isso tudo era familiar e ela já sabe como a história se desenrola.
O personagem de mais destaque no romance é o gato de Cheshire, que é o que suscita mais perguntas instigantes à Alice durante o enredo, o que fica mais evidente no livro. É um personagem envolto num mistério que intriga a protagonista acerca de ele poder voar e sorrir. E ele sempre surge nos momentos-chave da trama.
E o destaque do filme é o mais-que-adequado-para-personagens-caricatos Johnny Depp, que deu vida a um chapeleiro maluco intenso e insano! Muito expressivo como sempre.
Para finalizar, as duas rainhas dicotômicas, uma muito caricatamente estranha, sendo assim amplificada pela testa imensa e pela crueldade, a Rainha Vermelha (de Copas) e uma igualmente caricata, só que exagerando graciosidade, com a mão gesticulando sempre muito amplificadamente delicada, a Rainha Branca disputam o trono do País das Maravilhas.
A rainha vermelha é interpretada pela esposa de Tim Burton, Helena Bonham Carter e a rainha branca é forçosa e graciosamente interpretada pela belíssima Anne Hathaway.
Mágico! Dá ao livro o recurso que este precisa: cor!