O filme baseia-se no livro homônimo escrito por Roald Dahl, que nos apresenta a história de um garoto simples que ganha a oportunidade de visitar a maior e mais incrível fábrica de chocolate do mundo e, em meio a soberba, competitividade e ganância, consegue se mostrar intacto de caráter ao longo da trama e é por isso recompensado. O protagonista Charlie é interpretado por Freddie Highmore, um ator britânico sem muitos filmes de sucesso em sua carreira. O personagem destaque é o caricato Johnny Depp, que interpreta magnificamente o inesquecível Willy Wonka. Completamente à vontade nessa interpretação, Depp traz ao personagem vida e magia, de forma semelhante àquela que Wilder utilizou na década de 70.
O grande ponto dessa nova versão é aliar a tecnologia atual ao mundo de magia criado por Dahl em seu livro, e isso Tim Burton conseguiu com maestria. Utilizando-se tanto de ricos recursos visuais como de simples truques de câmera, ele consegue impor significação ímpar a elementos tão simples, como a casa de Charlie, que não se constrói de forma retilínea, por exemplo. A porta é torta, o telhado, desproporcional e o espaço interno reduzido em relação ao externo. Esses detalhes se repetem em outros ambientes e acentuam a composição mágica/ilógica da trama.
A distorção criada nas cenas auxiliam na redução necessária à impressão de baixa estatura dos Oompa Loompas, os 'homenzinhos' responsáveis pela produção dos chocolates Wonka. Burton posiciona a câmera sempre do ponto de vista ou dos Oompa Loompas, ou dos seres humanos de estatura normal, fazendo que essa distorção de imagem acentue, dessa forma, a diferença de tamanho entre os personagens sem a utilização abusiva de recursos adicionais, o que comprometeria a qualidade da produção, por assim dizer.
A nova versão de Depp para Willy Wonka é destaque por se tratar ele de um ator intenso e extremamente caricato. Sua performance é única e inigualável e, atrás de uma maquiagem carregada e roupas e acessórios extravagantes, ninguém se compara a Depp.
O final é bem diferente do original, mas não menos interessante. Particularmente, para quem assistiu à primeira versão quando ainda era criança, pode ser difícil de assimilar a mudança de conclusão, embora a moral seja a mesma.
Criativo, caricato, renovado.